top of page

 

 

A toxicidade crónica é baseada na exposição contínua a doses subletais do composto VX. Estas doses são responsáveis por um aumento mínimo dos níveis de acetilcolina mas sem sinais clínicos observáveis ou sintomas subjetivos. Após um ataque, a descontaminação completa das superfícies urbanas expostas ao VX não é possível. Vários meses após a absorção ainda são libertadas continuamente pequenas quantidades do composto em concentração superior ao limite recomendado para a exposição, levando a uma ameaça persistente [1]

 

       Recentemente têm-se feito estudos em ratinhos que mostraram que a inibição da acetilcolinesterase a partir de dados níveis atinge um estado estacionário, pelo que a toxicidade do composto é limitada. Neste mesmo estudo concluiu-se também que mesmo na ausência de sinais externos de intoxicação, alguns processos biológicos importantes, por exemplo a nível da aprendizagem, podem estar temporariamente afetados. Assim, além de serem necessários mais estudos bioquímicos e eletrofisiológicos não se pode obviamente fazer uma extrapolação direta destes resultados para humanos sendo necessários também estudos em humanos [1][3].

   Outros tipos de toxicidade crónica como carcinogenicidade, genotoxicidade, ou teratogenicidade não foram observados [4].

 

          NEUROPATIA RETARDADA

    Uma outra preocupação da exposição crónica a VX é a possibilidade de efeitos crónicos neurológicos particularmente neuropatia retardada uma vez que efeitos neuropáticos já foram observados após exposição ocupacional a outros inibidores das acetilcolinesterases como no caso dos pesticidas organofosforados. A exposição a anticolinérgicos organofosfatos resulta em efeitos neuropáticos retardados descrita como neuropatia retardada induzida por esteres organofosfatos (OPIDN), caracterizada por degeneração das fibras de mielina e axónios. Porém, este efeito ainda não foi observado em agentes nervosos como em pesticidas organofosforados sendo necessário uma dose superior a 11 vezes a LD50 para se observar neurotoxicidade a longo prazo [2][5].

 

Referências:

[1] Bloch-Shilderman, E., Rabinovitz, I., Egoz, I., Raveh, L., Allon, N., Grauer, E., Weissman, B. A. (2008). Subchronic exposure to low-doses of the nerve agent VX: physiological, behavioral, histopathological and neurochemical studies. Toxicol Appl Pharmacol, 231(1), 17-23. doi: 10.1016/j.taap.2008.03.024

[2] Canada's Aerospace and Defence Weekly - The Wednesday Report: http://www.thewednesdayreport.com/twr/vx.htm (Consultado em 30/05/2014)

[3] Genovese, R. F., Benton, B. J., Lee, E. H., Shippee, S. J., & Jakubowski, E. M. (2007). Behavioral and biochemical evaluation of sub-lethal inhalation exposure to VX in rats. Toxicology, 232(1-2), 109-118. doi: 10.1016/j.tox.2006.12.015

[4] Munro, N. (1994). Toxicity of the organophosphate chemical warfare agents GA, GB, and VX: implications for public protection. Environ Health Perspect, 102(1), 18-38.

[5] Wiener, S. W., & Hoffman, R. S. (2004). Nerve agents: a comprehensive review. J Intensive Care Med, 19(1), 22-37. doi: 10.1177/0885066603258659

 

      Desde a sua descoberta e produção foram documentados efeitos a longo prazo do VX. Em 1963, num estudo feito em trabalhadores alemães envolvidos na produção e armazenamento deste agente nervoso, os trabalhadores mostraram desenvolver os seguintes sintomas nos 5-10 anos após a exposição:

             perda de vitalidade, defeitos na regulação autónoma,                                intolerância a álcool, nicotina e outros medicamentos

             bem como sintomas cardiovasculares e gastrointestinais.

    Além disso, alguns pacientes mostraram também ter desordens depressivas e sub-depressivas, síncopes cerebrais, demência e defeitos organoneuronais leves. Por outro lado, estudos posteriores controlados, exposições acidentais reportadas e estudos em animais indicaram que a exposição crónica a baixas doses de agentes nervosos não levaram a qualquer doença crónica [2].

TOXICIDADE CRÓNICA

Marta Maia | Matilde Monjardino | Paula Garcês

                                                         micf10170@ff.up.pt            micf10085@ff.up.pt               micf08376@ff.up.pt

     Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Toxicologia Mecanística no ano lectivo 2013/2014 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), Portugal. Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião (remiao@ff.up.pt) do Laboratório de Toxicologia da FFUP (www.ff.up.pt/toxicologia/).

bottom of page